Área do projecto
Área do projecto
A área do projecto Futuro Azul inclui toda a extensão da linha de costa entre a foz do Rio Lúrio (limite norte da Província de Nampula) e o limite sul do Distrito de Mossuril. Esta é uma área muito importante para a biodiversidade, especialmente para os recifes de coral, ervas marinhas e mangais, e tem sido assinalada ao longo do tempo por diferentes iniciativas como uma área muito importante para a conservação. Por exemplo, há vários anos atrás foi desenvolvida uma proposta para a criação de uma Reserva Especial em Mossuril, que acabou por não se concretizar.
Os resultados do projecto desenvolvido pelo InOM e WCS para desenvolver cenários para a expansão da rede de ACMs mostram que esta é uma das áreas prioritárias da costa moçambicana, algo que é corroborado pela identificação da KBA de Matibane (também uma Reserva Florestal). A área do Baixo Pinda é também uma Reserva Florestal, com potencial para ser activada como KBA, tanto no domínio terrestre como marinho.
A área do projecto tem sido sujeita a sobrepesca por muitos pescadores locais e migrantes, o que aumenta a pressão de pesca noutras ACMs da região Norte do país, como o Parque Nacional das Quirimbas (a norte da área de estudo) e a Área de Proteção Ambiental das Ilhas Primeiras e Segundas (a sul da área de estudo).
Distrito de Memba
Distrito de Mossuril
O Distrito de Mossuril cobre 3.441 km². Partilha semelhanças com o Distrito de Memba em termos de geomorfologia e biogeografia. Rodeado por vários distritos, Mossuril tem três postos administrativos: Matibane, Mossuril e Lunga. Com uma população de 174.641 habitantes, o grupo étnico e a língua predominantes são os mesmos de Memba, assim como a percentagem de população envolvida na pesca e na agricultura. O distrito apresenta solos variados, desde dunas costeiras a solos aluviais ao longo dos rios, enfrentando desafios como a erosão e a salinidade, que afectam a qualidade das águas subterrâneas. A região possui hotspots de biodiversidade, incluindo recifes de coral, mangais, leitos de ervas marinhas e a Reserva Florestal de Matibane que é também uma Área-chave para a Biodiversidade (KBA). Ameaças como a desflorestação, o abate ilegal de árvores e a sobre-exploração dos mangais colocam em perigo estes ecossistemas. Apesar dos esforços de conservação, subsistem desafios como sejam a mineração e o desenvolvimento turístico não planeado.
Distrito de Nacala-Porto
Nacala – Porto é uma cidade portuária, sendo o segundo maior centro urbano da Província de Nampula, depois da Cidade capital Nampula. O Distrito tem cerca de 225.034 habitantes, dos quais 75% habitam na zona urbana. Tem dois postos administrativos, Mutiva e Muanona, com um centro urbano diversificado, abrangendo 41 Bairros e uma superfície de 324 Km². O porto de Nacala está localizado na Baía de Bengo, cuja profundidade é tão elevada que permite a movimentação de navios 24 horas por dia, sendo um dos mais importantes da costa oriental de África. Este porto é servido por uma linha férrea, que liga a costa de Moçambique ao Malawi, passando por Nampula e Niassa, constituindo o ponto de entrada do chamado Corredor de Nacala.
Distrito de Nacala-a-Velha
O distrito de Nacala-a-velha tem encontra-se dividido em dois postos administrativos (Nacala-a-Velha e Covo), subdivididos em sete localidades (Namalala, Mangani, Micolene, Nacala-a-Velha, Covo-Sede, Vida Nova e Nacololo). Ocupando uma superfície de 1.169 km², com um total de 93.553 habitantes, com uma população jovem com 45%, abaixo dos 15 anos de idade. O distrito é caracterizado por uma ampla distribuição de habitats terrestres (miombo no interior intercaladas por matas densas e pradarias), zonas de transição litoral (mangais, estuários e praias arenosas) assim como ecossistemas marinhos (recifes de coral, tapetes de ervas marinhas e macro-algas, e ambiente pelágico).
Distrito da Ilha de Moçambique
O Distrito da Ilha de Moçambique cobre 445km² e tem uma população de 78.742 habitantes. A Ilha de Moçambique, está dividida em duas partes: a parte insular (ilha), com 8 bairros, e a zona continental, com 22 bairros e onde vive a maior parte da população. A ilha tem cerca de 3 km de comprimento e 300–400 m de largura e está orientada no sentido nordeste-sudoeste à entrada da Baía do Lumbo. Na costa oriental da Ilha encontram-se as ilhas de Goa e de Sena (também conhecida por Ilha das Cobras). Estas ilhas, assim como a costa adjacente, são de origem coralina.
Reserva Florestal de Baixo Pinda
A Reserva Florestal de Baixo Pinda (RFBP) situa-se na Província de Nampula, a cerca de 40 km a norte de Nacala. Tem uma área de 19.600 ha e ocupa uma península, que se projecta para o Oceano Índico e é maioritariamente rodeada pelo mar. A topografia é plana, com uma ligeira inclinação para o mar em todos os lados, e o solo é constituído por areias profundas. A RFBB foi criada em 1943 com o objectivo de assegurar uma colheita sustentável de Androstachys johnsonii (Mecrusse), que domina o principal tipo de vegetação, ou seja, a floresta costeira seca.
A pressão humana reduziu significativamente a dimensão da reserva, dando lugar a mangueiras, coqueiros, cajueiros e terras agrícolas. A flora lenhosa original está reduzida a árvores de grande porte dispersas, faixas estreitas isoladas ou aglomerados de vegetação natural entre campos e vegetação arbustiva em regeneração. Este local também alberga a espécies Micklethwaitia carvalhoi (VU), endémica do norte de Moçambique.
Reserva Florestal e KBA de Matibane
A Reserva Florestal de Matibane (RFM) está localizada no Distrito de Mossuril, situado no Nordeste de Moçambique, na Província de Nampula. A RFM foi estabelecida em 1957 com o objectivo de assegurar a colheita sustentável de Androstachys johnsonii (Mecrusse). O Mecrusse é um tipo de madeira muito dura que foi considerada uma espécie comercial adequada para a construção, particularmente para caminhos-de-ferro, casas e vedações. O principal tipo de vegetação da RFM é a floresta costeira seca. A zona central da reserva, que compreende cerca de 2.000 a 2.500 hectares, permanece em bom estado. No entanto, a zona tampão circundante apresenta sinais de perturbação humana, incluindo a produção de carvão vegetal, o abate de árvores e a agricultura de subsistência.
A RFM alberga uma população significativa de Icuria dunensis, que é a espécie de activação da KBA neste local. É uma espécie de distribuição restrita e em perigo de extinção (EN) de acordo com a Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), que só se encontra em florestas de dunas ao longo da costa no norte de Moçambique. Este sítio também alberga outra espécie de planta ameaçada, a Micklethwaitia carvalhoi (Vulnerável – VU), também endémica do norte de Moçambique, que perdeu grande parte do seu habitat devido à desflorestação para a agricultura de subsistência. Embora a floresta costeira esteja severamente fragmentada, a MFR continua a ser a maior mancha que alberga uma população global viável da endémica Icuria dunensis.